segunda-feira, 8 de junho de 2009

Os caminhos de Deus


"Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos..."
Isaías 55:9

Às vezes eu paro e fico imaginando... Viajando pelos caminhos que Deus planejou a meu favor, antes que eu existisse. Ele escolheu cuidadosamente os detalhes que precederam meu nascimento para que eu fosse exatamente como sou.

Eu penso no meu avô, pai do meu pai. Ele era um homem simples, sem estudo, sem bens materiais... Artur Uchôa. Um nordestino que cruzou o Brasil pra viver da seringa no interior do Amazonas. No meio da mata fechada, em um lugar difícil de imaginar de tão remoto, ele formou sua família, que sustentava da pesca, da caça e de algum dinheiro que conseguia como seringueiro. Ali ele viveu há muitos anos, com costumes e aspirações tão diferentes dos que estamos acostumados. Foi ali também que Deus encontrou um servo quando meu avô encontrou a esperança. Esperança esta, que ele ensinou ao meu pai para que eu pudesse um dia ser ensinada.

Havia no coração do meu avô um vazio em forma de Deus, como há no meu. Ele foi alcançado pelo evangelho por meio de pastores adventistas, que abriam mão de uma vida confortável para cruzar o rio Amazonas e seus afluentes conquistando almas para Cristo.

Os pastores passavam pelo lugar onde meus avôs e seus vários filhos moravam, uma vez a cada três ou quatro anos. Enquanto isso, eles continuavam a alimentar sua sede pela vida eterna. Seu Artur, que não sabia ler, aprendeu (ainda que muito mal) nas linhas da bíblia. Todas as manhãs ele reunia a família para fazer o culto e lia em uma hora um trecho da bíblia que leríamos em minutos. Eles cantavam hinos do hinário com melodias inventadas, por que não havia ninguém que os ensinasse.

Durante toda a minha infância, e até hoje, quando posso estar com meus pais no pôr-do-sol, cantamos o hino 529 do Hinário Adventista, com a melodia que o vovô inventou. É com essa melodia que espero ensinar esse hino aos meus filhos, todas as vezes, ao recebermos o sábado e nos despedirmos dele.

Eu me lembro do meu avô já velho, todas as manhãs, cantando e lendo a bíblia, a lição e a meditação matinal, gaguejando, tropeçando nas palavras... Eram cultos demoradíssimos, e eu custei a entender que eles foram a base forte do caráter do meu pai, que depois foi a base do meu. Esses eram os detalhes que Deus estava preparando pra mim como um presente, pra ajudar na minha salvação. Ele sabia que eu precisaria disso.

Meu avô terminou seus dias nesta terra e descansou em Cristo. Muitas pessoas sofisticadas e com boa leitura não puderam morrer com a mesma certeza que ele, nem deixar a herança que ele deixou.

Do meu avô eu herdei mais do que os lábios grossos, e talvez alguns traços no rosto... também não herdei nenhum dinheiro. Eu não pude conviver com ele tanto quanto gostaria, mas através do meu pai eu herdei a esperança que ele tinha: a esperança da vida eterna.

As marcas que meu avô deixou nunca poderão ser apagadas. Três dos seus filhos são pastores, um deles é meu pai. Eles têm ao longo do seu ministério levado milhares de almas aos pés de Cristo, com o mesmo Espírito que movia os pastores que pregavam no interior do Amazonas.

Os milagres se repetem nos emaranhados, misteriosos e lindos caminhos que Deus desenha para salvar seus filhos.

Espero ser eu mesma também, um condutor dos milagres Divinos... Que eu seja pelo menos uma linha na história da salvação de outras pessoas. Por que os milagres que Deus planejou não podem parar em mim.

Um comentário:

Unknown disse...

''Ele foi alcançado pelo evangelho por meio de pastores adventistas, que abriam mão de uma vida confortável para cruzar o rio Amazonas e seus afluentes conquistando almas para Cristo.''

muito bonita a história do seu vôvô

branca vc é uma caixinha de surpresas(meio g...y), nunca pensei em q vc fosse tão poética :) q Deus te use e que as pessoas (certas) vejam.. :)

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