louco

"Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio." I Cor. 3:18

Planejar é coisa de louco. Decidi acreditar nisso depois que descobri a razão das minhas próprias loucuras. Isso não é confuso: Só acredito agora no que escolhi acreditar, e não no que as conseqüências preferiram. Decidi que somos todos inexperientes, sem ter a menor idéia “do que vai vir agora”. Estamos passando por uma sessão quase interminável de “primeiras vezes”, e até o que parece repetitivo é só um tipo de deja vú mal entendido. A décima briga, a oitava queda, a vigésima quinta decepção. São todas “primeiras vezes” que não nos mostram direito o que fazer na próxima vez.

Então dizem que há males que vem para bem; e que cantar espanta esses males; e que não se deve cantar por vitória antes de tê-la; e que vitória é sempre algo relativo; e que nem tudo é relativo nessa vida; aí ficamos pensando no que vale ou não a pena. Deus só criou a noção de “certo”. O errado talvez tenha vindo de brinde junto com o livre arbítrio. Isso até parece um presente mal intencionado. Quem sabe seja injusto dar a oportunidade de fazer escolhas para gente inexperiente como você. E eu. E todo mundo. Mas não é, já que Ele se deu junto. E aí as coisas começam a fazer mais sentido. Aí a gente percebe o nexo que existe em jogar as nossas escolhas mais difíceis nas mãos de alguém invisível; nossos gostos, hábitos, defeitos e gente que a gente ama. A partir disso começamos a aceitar a nossa própria inexperiência e a agradecer por só precisar viver tudo isso uma vez. A gente demora pra aprender, de qualquer forma.

E é assim que acaba. Não faço escolhas: espero. Irritado, mas espero. Confuso e cansado também. Até que eu lembro que não estou sozinho nessa e que, se fosse fácil, o resultado final não poderia ser bom.

Enfim.

Você não esperou e o presente veio. As coisas se ajeitaram. Enquanto você chorava, Deus ficava te olhando e sorria, pensando na sua alegria de agora. Por isso, sinto que Deus parece ter senso de humor. Ele criou os filhos como prova disso. Por isso ficamos velhos e achamos que sabemos de tudo. Por isso choramos como loucos pouco antes de a bênção chegar (Toda a vez). Por isso fazemos pedidos loucos toda hora, talvez por não ouvir um “sim ou não” logo de vez.

Sabe de uma? Fico feliz por poder acreditar na loucura. Não dá tudo certo no final. Nem tudo é belo ou artisticamente perfeito, feito art nouveau. Não somos bons em nada. Mas é aí que a virtude da loucura de viver na contra mão do mundo faz sentido.

Continue seguindo. Não tente evitar colisões com o que vem na contra mão. Essa pode ser a única forma de “tocarmos em alguém”.

Jogue seus planos pra cima. Literalmente! Alguém lá em cima vai segurá-los. Mais do que isso: dará uma melhorada considerável neles.

E, por fim, termine esse texto da forma que você acha que deve. O final é sempre a gente que escolhe.

E não se esqueça de dizer (todos os dias) pro meu futuro sobrinho que o tio louco dele gostaria de estar sempre por perto. Mas não vai dar. E a vida toda vai ser assim: a gente não vai conseguir tudo o que quer (ou o que acha que quer).

Amo Você.

Thiago Bico.

...

Eu pedi um texto do Thiago logo que comecei o blog. Ele me mandou esse, COMPLETO, com direito a recadinho pro meu filho. Ele é um desses caras que vivem ao contrário. Ele fala com propriedade sobre esse tipo de loucura. Já era meu irmão antes que as convensões sociais fizessem dele meu primo. O rosto dele vai ser um dos primeiros que eu vou procurar no céu. Me emociona saber que eu vou encontrá-lo lá... sempre.